domingo, 25 de abril de 2004

Ainda é Abril !

Porque ainda é Abril, porque ainda é revolução, porque ainda se me altera a pulsação e se me humedecem os olhos ao ver fotos e filmes e ao ouvir comentários, e principalmente porque a revolução não pode ser amordaçada travestindo-a de "evolução"... aqui vos deixo uma pérola.



Poema do amigo Jorge Castro:



ABRIL REVOLUÇÃO



Manhã fresca

Manhã força

Maré alta

Sobressalto de quimeras

E revoltas

É o sangue deste povo

Que se afoita

Que se atreve

A viver de novo a esperança



Alvorada que se faz

De vidas feita

Da coragem de gritar

Bem alto

NÃO!



Madrugada

De partir nessa viagem

De sentir

Sangue a correr

No coração



E vermelho

Só o sangue destes cravos

Que são armas

Empunhadas mão em mão

Pelas ruas

Da cidade libertada

Tais bandeiras

Sem mordaças ou barreiras

Como gritos

Como arados neste chão



Foi Abril como um rio

Foi um mar

De varrer esta canga da cerviz

De vergonha

De miséria

De silêncio

De viver quase sem vida

E sem razão

De espantar para além do horizonte

Tiranetes e caciques

E poltrões

Que sorviam na voragem mais impune

Deste povo o futuro

E as ilusões

Foi um Abril de martelos e bigornas

Um Abril de rompermos as cadeias

Que tolhiam de amargura

As nossas mãos



E foram estas as mãos com que abrimos

De liberdade esse mar

De par em par

E assim se fez Abril uma alvorada

Na manhã de nuvens densas

Dissipadas

E fomos nós

Só por nós

Que o fizemos

Que lançámos esta nau à descoberta

Do destino

Da esperança e da aventura

Velho madeiro

Por entre a tormenta incerta

De inventar um rumo novo

E um futuro



E está viva em nossas mãos esta loucura

A vertigem

De inventar em cada dia

A coragem

A alegria de viver

De fazer renascer o homem novo

Nestas mãos que são minhas

E são tuas

Nestas mãos de carícias

Duras mãos

Enraizadas no mundo

Como povo



E é este o Abril que nós cantamos

Este Abril feito de mar

Feito de pão

Que nos abriu à liberdade

Outro destino

De sonhar

De cantar

De sermos dignos

Este Abril que se faz do verbo amar

De querer sempre a vida por cumprir

De te saber sempre de mim meu irmão

Este Abril

Oh, meus amigos

Meus irmãos

Será sempre um ABRIL REVOLUÇÃO!




Gentilmente cedido pelo vizinho OrCa



Até amanhã, vizinhos.

Vou pra dentro.

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