quarta-feira, 11 de agosto de 2004

Desventuras deste compadre

Tava eu a tirar moncos

cá da cana do nariz

quanto fazia uma mija

assim tipo chafariz



Tinha a bexiga tã chêa

que fiquê lá uma hora

quando me assomê em volta

tinha ido tudo embora



Sacudi o coiso e tal

enquanto coçava a bilha

de tal manêra atascado

que o entalê na braguilha



Tirê as botas do lodo

que fizera na mijada

sacudi tamém as calças

sempre com ela entalada



Pedi ajuda à Ti Micas

que cerca dali morava

mas depilou-me os tomates

da força com que a puxava



Ensanguentado na pila

fui aos tombos pelo monti

vomitando quasi as tripas

nã sêi se queres que te conti



Como comera dôs pães de quilo

e um garrafão p'rajudar a empurrare

na admira que tivesse

três horas a vomitare



Detê-me na palha fresca

para ver se descansava

enterrê-me logo em bosta

de uma vaca que passava



E foi assim que essa tarde

conheci um caracole

os dois deitados na palha

com os cornos a secar ao sole





Porque esta vida é tão dura

por aqui p'lo Alentejo

dêxa cá dormire um pôco

vamos soltando um bocêjo





Até looogo, compadris.

Vô levari a nha Cacilda a dar ma voltinha de mota
...


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