sexta-feira, 20 de agosto de 2004

Decadência e morte de um "Zé Ninguém"

Na sequência de um post da vizinha Conchita comecei um comentário que acabou por se tornar no rascunho deste meu post.







Leiam também este texto.





De facto os acontecimentos recentes, bem como outros anteriores de igual teor dramático, são o culminar de um processo de descredibilização a que todos os intervenientes no Big Brother foram submetidos, aos poucos, pela nossa sociedade.

Nada que não fosse previsível tendo em conta que aquela forma de alcançar a fama é tão rápida no sentido ascendente como no sentido inverso.



Isso já os concorrentes sabiam?? Eu acho que não.

Eu acho que de todos eles havia um, apenas um, ao qual a fama não interessava: o Zé Maria.

Foi ele o primeiro a admitir que só lá ia pelo dinheiro. Era ele a personagem cujo maior sonho era arranjar um emprego de... ajudante de cozinha.

E mesmo aqueles a quem tanta humildade gerava suspeitas, tiveram que admitir que essa humildade, essa bondade e essa simplicidade eram genuínas.

E foram essas as qualidades que o levaram à vitória mas acima de tudo a ganhar um lugar privilegiado nos corações de todos os milhões que assistiram ao programa.

Agora, passados estes anos, a fama não desapareceu mas já não rende.

Depois de desbaratar dinheiro em projectos condenados à nascença, o Zé, pessoa simples, vê-se confrontado com o facto de ser mais conhecido que a esmagadora maioria dos nossos ministros e jornalistas, mas sem disso conseguir tirar partido.

Sim, porque agora ninguém corre o risco de dar ao (famoso) Zé Maria um emprego que não se coadune com a sua fama. Lá se vai o sonho de ser um desconhecido e pacato ajudante de cozinha.



Pois eu tenho pena dele. Muita mesmo.

Talvez hoje em dia seja difícil aceitar isso, mas naquela altura o Zé foi herói nacional. E ele, coitado, que se limitou a ser ele mesmo, viu-se promovido a super-star, com direito a passerelle, helicóptero, festas do jetset, viagens paradisíacas... e programa de televisão exclusivamente para lhe arranjar namorada.

Quem, neste país, já teve tamanha exposição em tão pouco tempo e com tão pouco mérito ?

E afinal, o homem limitou-se a ser cá fora aquilo que sempre foi no programa e o mesmo que era antes de lá entrar: uma pessoa simples e com muito bom coração.



Eu nunca neguei (ao contrário de muita gente) que assisti religiosamente à primeira edição do BB, e confesso que ainda continuo a sentir uma enorme simpatia pelo rapaz.

Mas o que é facto é que depois destas ultimas cenas (campanhas publicitárias orquestradas?) a simpatia começa a perder terreno para a pena... e isso é o pior que lhe pode acontecer.





Até logo, vizinhos.

Vou pra dentro.

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