domingo, 7 de novembro de 2004

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Na passada semana fui jantar a casa de uns amigos da minha cara-metade.

Eu não os conhecia... eles não me conheciam. Enfim, mais uma viagem através do sinuoso, e perigoso, território da cerimónia.

Ao contrário do habitual, até me portei bem. Não disse palavrões (nem mesmo no momento em que provei a merda da cerveja mole) não toquei em assuntos controversos e evitei dar opiniões irónicas sobre os assuntos mais quentes da actualidade. Enfim, o exemplo vivo de um bom menino.

Já perto do final da noite, deu-me uma lancinante vontade de ir à casa de banho fazer uma daquelas coisas que... bem, vocês sabem. Dirigi-me ao referido local, sentei-me no pequeno trono e passei alguns minutos, com um leve sorriso nos lábios, a pensar em como me tinha portado excelentemente. Aproveitando a solidão, sussurrei "Então contem lá história da merda da cerveja. Mole como está, deve ter sido herdada da puta da vossa avózinha, foda-se!"

Sem olhar, ri baixinho e estiquei a mão na direcção do papel higiénico. Nada! Os meus dedos depararam-se com um estranho e inesperado vazio. Tinham-se esquecido de trocar o rolo. Olhei em volta, na esperança de encontrar um armário onde pudesse descobrir uma recarga. Nada! Nada, nada, nada! Nesse preciso momento, uma pequena gota de suor surgiu na minha têmpora direita. Bloqueei. Cada segundo que passava vinha acompanhado por uma arroba de pânico que me esmagava a alma. As opções eram pouco brilhantes, para não dizer muito pouco dignas.

1 - Porta entreaberta, calcinha pelo tornozelo e gritar "Alguém me arranja um rolo de papel higiénico, por favor?!"

2 - Porta entreaberta, calcinha pelo tornozelo e gritar "Querem saber uma coisa? Um jornalinho é que vinha a calhar! Sanita sem leitura não sabe ao mesmo, caramba!"

3 - Porta entreaberta, calcinha pelo tornozelo e gritar "Fogo! Fogo! Extraterrestres! Talibans!! Térmitas!!" Depois, rezar para que fossem suficientemente estúpidos e que fugissem em pânico. Dessa forma, teria caminho livre para ir até à sala buscar um guardanapo de papel.

4 - Ir com passinhos curtos e cuidadosos até à sala e, como quem não quer a coisa, sacar uns guardanapinhos de papel. Sorrir, revelar aos anfitriões o meu fetiche por casas de banho e origamis e regressar ao wc.

5 - Saltitar até à cozinha, rezar para que não aparecesse ninguém e tentar descobrir alguns centímetros de papel. No caso de ser apanhado em flagrante delito, teria de gritar "Violador! Violador!" e esperar que a polícia acreditasse em mim. Era a minha palavra contra a do dono da casa. 50% de hipóteses.

6 - Ir até à banheira e dar uso à água e ao sabão...

Deixo à vossa imaginação qual a opção escolhida! É muito triste e bastante embaraçoso.

É a história da minha vida... bolas!



Até logo, vizinhos.

Vou pra dentro.

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